terça-feira, 20 de outubro de 2009

O Alfredo teve 48 votos, o Vicente 31

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Quase no topo da Serra de Labruja, a 550 metros de altura, encontra-se Vilar do Monte, uma das três freguesias de Ponte de Lima que ontem, domingo, elegeram, em plenário, os membros para a Junta local.

Às 8 horas, uma sala do Centro Comunitário abria para a votação. Lá fora, numa janela, exibia-se o boletim de voto. Entre "Lista A" e o quadrado, estava escrito, à mão, "Alfredo". Uma linha abaixo, em frente a "Lista B", lia-se "Vicente". Preside à mesa Manuel Augusto Caselhas, 37 anos. Ao seu lado, os dois candidatos: Alfredo Antunes, 38 anos, o presidente da Junta, e Vicente Pereira, 44 anos, o "challenger". Repete-se o cenário da semana passada. Há cadernos eleitorais, boletins de voto, cabinas e urna. Ninguém concorda com a lei que os obriga a votar para a Junta depois de já terem votado para a Câmara e Assembleia municipais.

"É desclassificar as freguesias pequenas", considera Vicente. O casal Hortalina, 53 anos, e Adriano, 58 anos, concorda. "Devia ser tudo de uma vez", diz ele. "O país está em crise. Para que é que se gasta tanto dinheiro?", pergunta ela. José António Pereira, pai do candidato Vicente, tem 89 anos e vota sempre. Foi presidente da Junta entre 1980 e 1986. "Gostei muito", recorda. Foi ele quem trouxe a electricidade para Vilar do Monte, em 1981.

A partir das 10 horas, os altifalantes da igreja transmitem para os acamados a missa. Os elementos da mesa aproveitam para vir cá fora e conversar. São todos amigos. Sob um sol outonal, ao som do pároco e dos pássaros, fala-se dos jovens que partem cada vez mais e dos emigrantes que regressam cada vez menos.

Depois de soar o "Ide em paz e que o Senhor voz acompanhe" é altura de voltar para a sala. Trajadas de negro, entram Maria da Conceição Melo e Rosa Maria Pereira. "Antes a missa, só depois o voto", diz a primeira, com 83 anos. A segunda arrisca que esta é a última vez que vota. Não por causa dos seus 88 anos, mas porque vai morar com os filhos em Lisboa. "Uma pessoa com a minha idade não é para estar sozinha", justifica. Pela mesa de voto ainda passam responsáveis da Câmara Municipal e o presidente da freguesia vizinha de Moreira para ver se tudo está a correr bem.

Os sinos tocam às 12 horas e a urna fecha. Ou melhor, é aberta e os votos são despejados na mesa. Inicia-se a contagem. Os populares vão-se juntando e, com os olhos, medem-se os montes dos boletins. Contas feitas, tudo bate certo: 81 votantes, o Alfredo teve 48 votos, o Vicente 31 e houve dois votos em branco.

O adversário é o primeiro a felicitar o presidente reeleito. Seguem-se os cumprimentos dos populares. É hora do almoço, mas, depois de afixar os resultados no café, os candidatos admitem beber um copito, sem ressentimentos. Até podem ser poucos os habitantes de Vilar do Monte, mas dão, a muitos, uma lição do que é uma democracia saudável.

Fonte: JN

1 comentários:

Anónimo disse...

A freguesia ate tem boa fama toda a gente e amiga,mas e pena que o presidente pouco tenha feito pela freguesia!!