sexta-feira, 31 de julho de 2009

Comentários no blogue sobre a lenda da Batalha da Travanca

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No dia 3 de Abril de 2006 foi publicada, neste blogue, a lenda da Batalha da Travanca. Desde então, 3 visitantes efectuaram comentários à mesma, sendo que 2 deles são bastante interessantes, permitindo desmistificar um pouco esta tradição oral. Apesar de não poder atestar a veracidade das opiniões pela falta de provas documentais e do anonimato, publico-as em seguida pela pertinência das mesmas:

tuxa disse... (06.04.2006)
Boa! assim valoriza-se uma localidade... o passado tem valor quando trás mais valias e ensinamentos no presente!

....os combates de Travanca foram precedidos, acompanhados e seguidos de importantes evoluções táctico-estratégicas pelos montes deste Concelho e pelos vales do Minho e do Vez; que os habitantes de Coura, capitaneados por António Pereira da Cunha, não só secundaram, brilhantemente, as tropas de linha, mas empregaram, durante alguns meses, os mais generosos esforços para sustentar as mesmas tropas; que morreram cerca de 1 500 inimigos; que o quartel general do Conde do Prado se achava instalado na Boulhosa sobre o Estremo a 28 de Julho; que no relatório deste dia participou ao Conselho de Guerra a ocupação daquela posição para "cobrir todas as freguesias de Coura, sem os quais se não pode sustentar o exército"; que em 2 de Agosto estava o quartel general em Paredes, tendo esta data o relatório de um pequeno combate junto à Gandra de Prozelo, nos Arcos, e bem assim das providências adoptadas para cobrir Coura e Valença, visto Pantoja aproximar-se do Estremo; e, finalmente que foi em Paredes de Coura que o Conde escreveu o relatório dos referidos combates da Travanca".

Não há informações minuciosas dos combates propriamente ditos. Restam-nos apenas as "Consultas" ao Conselho de Guerra de 1662 (Torre do Tombo) e notícias avulsas.

Anónimo disse... (06.04.2006)
"Na noite de 9 para 10 aparecem iluminadas, miraculosamente, os galhos do gado manadio, que pastava no monte e que, então, costumava ser muito numeroso. O inimigo, observando o estranho caso, supôs serem soldados portugueses com luzes; e intimidado com tamanho exército, bateu em retirada, no dia 10..."

Essa situação é retirada de uma das mais famosas batalhas da antiguidade na Península Itálica.

Anónimo disse... (30.06.2009)
De facto... a lenda é inspirada na batalha de Trasimeno, em Itália, quando Anibal Barca conseguiu fazer o seu exército, encurralado num vale, escapar ao cerco imposto pelo cônsul romano Flamínio. A coberto da noite, Aníbal mandou atar estopas a arder aos chifres de uma imensa manada de gado que debandou pelo desfiladeiro de acesso ao vale, confundindo os romanos. Entretanto o exército cartaginês contornava as posições romanas a meia enconta e escapava.
A batalha da Travanca (ou as duas tentativas de assalto pelo exército espanhol às posições da artilharia portuguesa aí situadas) foi um grande feito das nossas armas: uma relação de 1/10 em número de baixas entre os dois exércitos.De qualquer forma, os espanhóis não tinham outra hipótese. A nossa artilharia fustigava todo o vale do coura e a extensão e orientação da crista da montanha (da Travanca e do Corno de Bico) expunha os espanhóis ao nosso fogo constante, enquanto tentavam contornar a posição e prosseguir para sul com a invasão... Quando se tornou insustentável o n.º de baixas na coluna em marcha e insuficientes as escaramuças provocadas pelos batedores para incomodar o nosso exército, atacaram e perderam, como de costume por sinal. Ao alcance da nossa artilharia, com a retaguarda acossada pela nossa cavalaria, não lhes restava mais que retirar e queimar as vilas à sua passagem (como a Barca).
Parafraseando um filme português dos anos 40, vinte mil espanhóis são muitos espanhóis, mas nove mil portugueses também são muitos portugueses... e mil courenses são um exército temível. LOL!

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